Estação Falkenstein VI – A Era dos Impérios

Estação Falkenstein

Capítulo VI – A Era dos Impérios

No qual nossos heróis se veem diante de situações definidoras dos dias que virão, e as dimensões do que está em jogo alcançam muito além de Viena.

– Niklas Schneider carregou Marko Hang madrugada adentro até Zsófia Lakatos, conforme havia se comprometido a fazer. O encontro se deu no porão utilizado dias antes para discutir possíveis ações em relação à Stahlwerk Bayard. Zsófia não conseguia esconder o nervosismo diante do homem atordoado. Com uma barra de ferro nas mãos, esbravejava e ameaçava Hang, responsabilizando-o pela morte do pai em troca de seu cargo na siderúrgica. Por um instante, Schneider se colocou entre ela e sua vingança. Contudo, certo de que não poderia demovê-la, preferiu se afastar para não ter ainda mais responsabilidade pelas escolhas de Zsófia.

O Caçador

– Wilhelm Sieg tinha Heinrich Sauer sob custódia. O conduzia por ruelas escuras até um ponto de encontro do Serviço Secreto da Baviera. Assim que se recompôs, o coronel apontou a Sieg a fragilidade de seu plano. A morte de tantos prussianos legalmente presentes em Viena causaria um incidente diplomático e, possivelmente, uma guerra. Colocá-lo em mãos bávaras apenas agravaria a situação. Sieg considerou aquelas palavras com cuidado, mas a possibilidade de libertar Sauer não foi cogitada.

– Ingolf Dümmler avaliou o trabalho feito por “Der Fliegen” como um estrondoso fracasso, indo muito além do solicitado. A coluna de fumaça no céu noturno de Viena não deixava dúvidas quanto à destruição da Stahlwerk Bayard. Por conta disso, foi com indisfarçada satisfação que revelou a Frances Aurelian que havia soltado o cão capturado da Caçada Selvagem sobre Hannah Verdoppeln. Quando Aurelian, em desespero, finalmente chegou à hospedaria, testemunhou Hannah sendo arrastada pelo animal através de uma abertura em pleno ar, um caminho para o Véu Feérico. O animal foi contido pela chegada de seu mestre, uma criatura com mais de dois metros de altura e enorme galhada sobre a cabeça. A única palavra que parecia conhecer era “presa”, pronunciada com os olhos vazios sobre Hannah. Frustrado pela própria impotência naquela circunstância delirante, Aurelian viu a garota levar consigo o lenço de seu bolso e deixar para trás palavras de desculpas por não ter sido sincera.

Stahlwerk Bayard em chamas.

– Após os eventos da noite anterior terem sido repassados, Irina Wexner faz um breve resumo do que foi possível extrair de Heinrich Sauer. Segundo o coronel prussiano, eles não conseguiriam provar sua fantasia sobre criaturas voadoras porque nada a respeito seria deixado para trás. Werner Naumann, responsável direto pelas Mariposas-Libadoras, teria meios de desaparecer por trilhas em que homem nenhum deveria pisar. Contudo, Sauer se dizia traído por Naumann, certamente com o auxílio de Balder Krumm. O magista desfigurado avançou passos no projeto concebido por Otto Von Bismarck ao testar os efeitos do Projeto Propaganda em Felix Bayard. Mesmo incapaz de reconhecer os próprios erros de julgamento, Sauer parecia disposto a ajudar a pegar Naumann, se isso evitasse uma guerra.

 

– A pedido de Irina Wexner, Wilhelm Sieg redigiu uma carta ao pai detalhando os eventos recentes. Esperava que sua influência junto ao Rei Ludwig II auxiliasse o líder bávaro a compreender de todo a dimensão dos acontecimentos em Viena.

– Em conversa com Heinrich Sauer, Frances Aurelian confirmou a simpatia de Ingolf Dümmler pela causa prussiana, mas em nada esclareceu a respeito de como o cão e seu mestre se encaixavam naquilo.

Culpados na mira da Guarda Real

– A suíte alugada no Hotel Imperial estava vazia desde o incidente na Stahlwerk Bayard. Por ordens expressas para que não fosse visitada sem supervisão, permaneceu como deixada por Heinrich Sauer. Para Schneider, entrar no local não foi um desafio, e abrir o cofre ali encontrado tampouco. Deparou-se com fichas de cada um dos prussianos presentes em Viena, incluindo uma anotação específica a respeito daqueles diretamente sob o comando de Werner Naumann; documentos dando conta do envio dos corpos de Balder Krumm e Friedrich Zöllner a Berlim; um detalhado manual de desenvolvimento e operação do Oneirômetro; e informações sobre o manejo da carga sob a responsabilidade de Werner Naumann, bem como instruções quanto à estrutura destinada às Mariposas-Libadoras, tanto em posicionamento dos espelhos, montagem dos capacetes de trabalho e posicionamento da pedra de serenar.

– Dois dias após o incidente que libertou as Mariposas-Libadoras, a Stahlwerk Bayard seguia abandonada. A presença da Guarda Real nos arredores se justificava pela necessidade de proteger o local que poderia se tornar o foco de um incidente diplomático e a busca pelos causadores de toda aquela destruição. Frances Aurelian e Wilhelm Sieg descobriram lá o que pareceu um incêndio secundário com o propósito específico de destruir os cadáveres das duas criaturas e toda a estrutura a qual estavam confinadas. Contudo, um documento apontava inequivocamente para a presença de Werner Naumann. Um diário relatando seu progresso no estudo das Mariposas-Libadoras.

– Do lado de fora da Stahlwerk Bayard, Zsófia Lakatos e outros trabalhadores húngaros eram presos pela Guarda Real.

Morte de prussianos. Guerra à vista?

– Com o propósito de compreender as últimas palavras de Hannah Verdoppeln, Frances Aurelian se dirigiu mais uma vez ao quarto da hospedaria. Descobriu que ela trouxe de Munique todas as cartas que enviou para Josephine. Tinha também consigo objetos pessoais, como documentos, peças de roupa e joias que foram presentes de Aurelian a mulher que amava e há mais de dez anos não via. Em seu diário, Hannah registrou como seu amor foi crescendo conforme lia as palavras que chegavam de diversas partes do mundo, a ponto de aprender a imitar a caligrafia de Josephine para que sua debilidade não fosse descoberta, vindo a tomar seu lugar quando ela finalmente faleceu, cinco anos atrás. Os registros mais recentes dão conta do encontro com Aurelian e o temor de que fossem separados por sua prisão. Hannah se perguntava quando teria coragem para contar-lhe a verdade…

Diário anotado encontrado na Stahlwerk Bayard:

– Um ovo de Mariposa-Libadora foi trazido ao mundo de algum lugar desconhecido além do Véu Feérico. As anotações sugerem o auxílio de um “Andarilho dos Espinhos”.

– Os frutos azuis foram utilizados para garantir a resistência necessária à escalada até o ninho de uma das criaturas.

Moléstia do sono aflige Viena.

– Mariposas-Libadoras possuem uma aparência insectoide, chegando a dois metros de altura. Suas enormes asas multicoloridas, em dois pares, permitem voos em grande altitude e velocidade. Elas produzem um padrão caleidoscópico com efeito hipnótico e paralisante sobre qualquer ser consciente.

 

– As criaturas se alimentam de emoções e pensamentos. Se extraídos diretamente de um ser vivo, deixa para trás uma casca catatônica com a mente esvaziada que sobrevive poucas horas após o contato. Ela poderia também subsistir extraindo seu alimento do ambiente.

– As Mariposas-Libadoras excretam um subproduto daquilo que consomem, perturbando com pesadelos as mentes conscientes da área que habitam. A “Pedra de Serenar” tem uma relação não esclarecida com isso.

– Elas são cegas, mas podem detectar mentes conscientes em praticamente qualquer circunstância.

Felix Bayard em desgraça?

– Hermafroditas, colocam ovos cujas larvas multicoloridas se desenvolvem captando as emoções a sua volta. As fases de crescimento das Mariposas-Libadoras são de quatro semanas.

– A secreção que produzem desde o ovo é um alucinógeno poderoso e causador de pesadelos horrendos, ainda que não seja viciante e cujos efeitos se desfaçam após encerrada a exposição.

– A inalação das secreções de uma criatura adulta causa debilidade mental e docilidade. Em grandes doses, pode levar à insanidade.

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